sábado, 14 de janeiro de 2012

Operação de guerra da PM contra intelectuais e estudantes

Operação de guerra da PM contra intelectuais e estudantes

Sem manifestantes para reprimir na Frei Serafim na noite de ontem (13), as policias civil e militar realizaram madrugada de hoje (14)uma  verdadeira operação de guerra, que mobilizou cerca de 10 viaturas e dezenas de homens com  armamentos pesados.

Quem presenciou a mobilização dos policiais chegou a imaginar que estavam à procura de uma quadrilha de bandidos perigosos, mas não era nada disso.

Fachada do bar Canteiro de Obras

Era apenas mais uma demonstração de arrogância, despreparo e violência contra cidadãos indefesos.

Mais ou menos uma hora da madrugada, policiais da Delegacia do Silêncio foram acionados, não se sabe por quem, para apreender o equipamento de som do bar Canteiro de Obras, localizado na confluência das ruas Elizeu Martins e Anísio de Abreu, nas proximidades da Praça do Fripisa. 

Parede branca onde ficava o telão

No estabelecimento, de propriedade de Aurimar Trindade, o Kilito, funcionário da Universidade Federal, funciona o projeto cultural Academia Onírica, que reúne intelectuais, professores, poetas, boêmios e estudantes em torno de lançamento de livros, revistas, recitais de poesia e outros eventos culturais.

Na madrugada de hoje, além dos freqüentadores habituais, estavam no local alguns dos manifestantes que foram presos na Casa de Custódia.

Era o dia do lançamento da revista AO Nº 2 (poesia tarja preta), um projeto cultural que atravessou as fronteiras do Brasil e já tem colaboradores em vários paises.

Em um telão fixado na parede do bar eram exibidas cenas da violência policial na Frei Serafim, enquanto os estudantes falavam aos presentes sobre a agressão sofrida.

Tudo ia tranqüilo até a chegada dos agentes da polícia civil em duas viaturas.
Eles entraram no estabelecimento e fecharam a porta por dentro e em seguida disseram ao do nobar que tinham ordem superior para apreender o seu equipamento de som.

Em vão, Kilito disse que poderia baixar o som ou até mesmo desligar, se estava perturbando, mas o agente foi irredutível e disse que a ordem era para levar.

Enquanto os dois discutiam, subitamente chegam ao local 7 viaturas da PM. O comandante da operação abre o portão na base do chute e já entra de arma em punho gritando que quem falasse alguma coisa seria preso.

O poeta William Melo Soares (foto), indignado com a violência do militar, protestou contra o que classificou de ditadura.

Foi o bastante para ser ameaçado de prisão, o que não aconteceu por intervenção de seus amigos que conseguiram retirá-lo do local.

O dono do bar também foi ameaçado de prisão, mas conseguiu deixar o local sem ser detido.

Mesmo após a retirada do equipamento de som, os PMs  permaneceram no local exibindo suas armas para intimidar os presentes, que não souberam identificar o comandante da desastrada operação.

Qual a necessidade de tamanha demonstração de força diante de pessoas pacatas e ordeiras que não constituíam qualquer ameaça?

Certamente o telão exibindo cenas da barbárie na Frei Serafim e o depoimento dos manifestantes presos foi o que motivou a operação de guerra montada pela PM.

Isso de fato só acontecia na Ditadura, como falou o poeta William Melo Soares, mas no Piauí há muitos saudosistas dos anos de chumbo.

Algum policial infiltrado entre os freqüentadores do estabelecimento, incomodado com o que viu, deve ter acionado seus colegas de farda para exercitar o que eles fazem com mais perfeição: agredir gente indefesa.   

Por José Olímpio
FONTE: http://portaldifusora.com/portal/coluna.php?id=20&id_p=1212

Nenhum comentário:

Postar um comentário