Chamam-nos de vagabundo, vadios, vândalos, saqueadores. A juventude em Teresina, chega ao quarto dia de manifestação com cerca de 30 mil manifestantes nas ruas, e parece dizer a toda população e à classe burguesa: VOLTAMOS E ESTAMOS ARMADOS. Somos marginais, e trazemos a primavera nos dentes, estamos fortemente armados com palavras de ordem, cartazes altamente periculosos, calibre 38 carregado de INDGNAÇÃO. Trazemos no bolso revolta, no coração a vontade de mudança. Mas, alertamos, a toda população amedrontada, que o que trazemos de armamento mais pesado, é a certeza de que a luta é que muda, o resto só ilude.
Hoje a luta é contra a negação do nosso direito de ir e vir, do nosso direito à mobilidade, do sucateamento daquilo que deveria ser público, o transporte. Todavia, a organização massiva dos filhos e filhas da classe trabalhadora nos mostra que a classe enfim, se reconhece, e que é hora dos trabalhadores perderem a paciência contra toda forma de opressão desse estado que produz miséria, fome, usurpação dos direitos mais básicos.
As manifestações que a cada dia reúne mais pessoas, nos mostram que estamos prontos a lutar contra as migalhas que são oferecidas aos trabalhadores em troca da manutenção dos status quo. A classe, a nossa classe, a classe dos trabalhadores está disposta a dá seu toque de elegante de “classe” e dizer ao prefeito Elmano Ferrer e aos empresários que CHEGA DE MIGALHAS. Chega de aumento, chega de retirar nossos direitos.
E ao final do dia depois de muita luta, depois de muita caminhada, as televisões lançam a sua fantástica fábrica de mentiras, com seu arcabouço de imagens multicoloridas, pintam nossas caras com listras pretas com branco, mas provamos que somos capazes de pintar as ruas de povo. Se a burguesia com seus fartos bolsos têm a mídia do seu lado, nós temos resistência e sede de mudança. Se o estado com aparato de repressão, que serve apenas para defender o patrimônio dos empresários, nós provamos que temos o poder de fazer barricadas humanas, com pneus, com ônibus.
O mar de pessoas, que transitaram durante o dia inteiro nas ruas do centro, no final de noite ainda tinha energia para fazer do passeio público da Frei Serafim, uma esfuziante imagem que casava com as palavras de ordem “Líbia, Egito, Chile e Madrí a luta do estudante também é no Piauí”. Ruidosamente alegres, permaneciam em pé, a juventude repete estar disposta de lutar até a tarifa cair.
Estão fechando o cerco, estão nos tirando o direito ao pão, nos negam o direito à escola, nos negam dignidade, nos proíbem a sobreviver, calam nossos vozes, aumentam os preços, em meio a crise os trabalhadores pagam com a fome para manter os lucros da classe dominante. E aí? Achou ruim? Ficou com medinho, de ônibus queimado? Achou perigoso não passar com seu carro pela Frei Serafim? Achou forte ficar sem grana para pegar ônibus? Se amedrontou quando olhou para os bolsos e viu que tinha que escolher entre o leite ou o vale? Vai chorar? Desesperar? Não chore não, viu: LUTE!!
Sarah Fontenelle
Fórum Estadual em Defesa do Transporte Público
Executiva Nacional dos Estudantes de Comunicação Social – ENECOS
Coletivo Nacional Barricadas Abrem Caminhos
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