A cidade de Teresina viveu, no cair da tarde do dia 10 de janeiro de 2012, cenas de verdadeiro terror. A Polícia Militar do Estado do Piauí, que tem como comandante maior o governador Wilson Martins (PSB), utilizando-se de um contingente policial de quase mil homens (entre Tropa de Choque, RONE, CODAM, Ronda Cidadão), avançou sobre cerca de 300 estudantes, que, sentados no chão, ocupavam a faixa sentido leste da Av. Frei Serafim, em manifestação pacífica contra o aumento da tarifa de ônibus e o modelo de integração implantando pelo prefeito Elmano Ferrer (PTB), transformando a avenida num verdadeiro palco de guerra e injustiça.
Os registros fotográficos e audiovisuais das agressões são uma pequena mostra da amplitude da truculência policial. Até mesmo aqueles que apenas observavam à distância sofreram com as balas de borracha, jatos de spray de pimenta, violência física, pisoteamento e prisões arbitrárias. Alguns dos que trabalhavam fazendo a cobertura jornalística dos fatos, que, por vezes se colocaram ao lado da PM e da Prefeitura de Teresina, criminalizando o movimento, não escaparam da violência, tendo seus equipamentos apreendidos e destruídos, além de também terem sofrido com a arbitrariedade do aparelho repressor do Estado.
Agora que estamos do mesmo lado, agora que sofremos a mesma ditadura, gostaríamos de convocar a categoria dos jornalistas e comunicadores sociais de Teresina a refletir sobre o papel da mídia na criminalização dos protestos contra o aumento da passagem, que resultaram na violência vivenciada durante todos esses dias.
Durantes os primeiros dias de 2012, Teresina tem sido vítima de inúmeros absurdos advindos do empresariado local. A mídia vem sendo repressora, infringindo o compromisso ético-transformador da Comunicação Social em defesa da ampla publicização do que vem acontecendo nas manifestações em Teresina.
Convocamos toda a classe jornalística que assumiu esse compromisso a manter essa premissa, por um Jornalismo justo, coerente e ao lado daqueles que lutam por mudanças estruturais e profundas na sociedade como um todo.
Ao tempo que AGRADECEMOS aos verdadeiros comunicadores (da mídia local e independentes) que estiveram conosco, sofrendo repressão da mídia burguesa sob um sol escaldante e, posteriormente, retaliação, repudiamos a forma como a mídia hegemônica tratou durante todos esses dias os manifestantes nas ruas.
Compreendemos que boa parte do sistema de comunicação teresinense serve aos grandes empresários e que, muitas vezes, os comunicadores são podados e orientados a se adequarem ao sistema em favor disso. No entanto, chamamos mais uma vez: é tempo de tomar partido, deixar de se posicionar atrás dos escudos do batalhão de choque e ficar do outro lado, mostrando as barbáries da polícia sob a ótica de quem as sofre.
Ainda que a grande mídia não nos dê o devido espaço, e que a maior parte dos grandes veículos de comunicação locais nos criminalizam, JAMAIS NOS CALAREMOS!
CONTRA A CRIMINALIZAÇÃO DOS MOVIMENTOS SOCIAIS E PROTESTOS!
ANISTIA DOS PRESOS POLÍTICOS JÁ!
FÓRUM ESTADUAL EM DEFESA DO TRANSPORTE PÚBLICO
Eu só tenho um comentário: não é preciso que jornalista tome partido, porque não é esse o nosso dever.
ResponderExcluirA chamada deve ser para o que o jornalista defenda o interesse público e a injustiça contra a população. Só com isso, já é possível veicular notícias que mostram exatamente o que está acontecendo nas ruas.
Tomar partido é o que muitos estão fazendo em favor da PMT, do GE, da PM e de sei lá quais outros órgãos poderosos do nosso estado.
O interesse a ser defendido é o do povo. E só.