Ao sétimo dia de manifestação contra o aumento da passagem de ônibus em Teresina, em 10.01.2012, estudantes foram surpreendidos com um cordão composto de centenas de policiais na Av. Frei Serafim. Cerca de 200 manifestantes chegavam ao fim de mais um dia de ato pacífico, quando viram-se cercados pela cavalaria e polícia de choque. Enquanto isso, 850 policiais permaneciam no mesmo local apenas aguardando ordem do comandante geral da policia militar para agir.
Ao tempo em que o cruzamento da avenida mais movimentada da capital era fechado por policiais, estudantes e trabalhadores, dentre manifestantes e transeuntes, foram dispersos com a dura repressão policial. Atacando a todos, a polícia invadiu estabelecimentos comerciais, onde a população estava acuada.
Demonstrando uma total falta de preparo e abuso de poder, policiais chegavam a dar voz de prisão até para os trabalhadores ambulantes e funcionários dos comércios invadidos. O que se assistiu na capital piauiense, foi um ataque orquestrado entre empresários do SETUT (Sindicado dos Empresários de Transportes Urbanos de Teresina), Governos Estadual e Municipal, e meios de comunicação para sufocar o movimento contra o aumento. Durante o sétimo dia de manifestação houveram 16 presos políticos, incluindo 2 adolescentes, e 40 feridos. Dentre os lesionados, alguns com ferimentos graves, inclusive com risco de perder a visão.
O movimento #contraoaumento em Teresina vem acontecendo desde agosto de 2011, quando já se planejava o anual aumento da passagem. O movimento ganhou corpo e após uma semana de protestos com cerca de 30 mil estudantes e trabalhadores nas ruas, conseguiu-se a revogação da passagem de R$2,10 para R$1,90.
Abrindo o ano de 2012, o Prefeito Elmano Ferrer (PTB) inaugura a chamada integração temporária, justificando, assim, o aumento da passagem para R$2,10. Resistindo, a população foi às ruas denunciar a farsa da integração, e o desnecessário aumento na tarifa, já que haviam sido concedidas as isenções fiscais pleiteadas pelos empresários.
Ainda em 2011, o Fórum Estadual em Defesa do Transporte Público, juntamente com setores como Ministério Público Estadual, já denunciavam que a passagem de R$1,90 era incompatível com a realidade da população e, de acordo com as planilhas, ultrapassavam o valor razoável. Assim, uma série de procedimentos jurídicos foram realizados para que a tarifa voltasse a custar R$1,75, preço que vigorou em 2009.
Durante os sete dias de manifestação, os indignados não lutavam apenas contra o aumento abusivo do preço da passagem, mas também rechaçavam a falsa integração proposta pela prefeitura. Hoje a integração não interliga todos os bairros da cidade, e é incoerente quando comparada com as demais do país pelo fato de cobrar a metade do preço da passagem no segundo trecho, dentre outros absurdos.
Aqui, cabe destacar que os usuários que não possuem cartão trabalhador e passe estudantil (ambos parte da bilhetagem eletrônica), devem comprar um cartão de R$ 6,30 para se utilizar da integração. Este cartão é emitido pela financeira Credshop (do Senador João Claudino -PTB), que, por sua vez, pode ser desbloqueado para ser cartão de crédito. Este é um exemplo, descarado de venda casada.
Depois de um dia inteiro de ato, a manifestação continua na Central de Flagrantes, onde as pessoas exigem liberação dos presos políticos. O conjunto do movimento conclama todos indignados para fazer um ato nesta, quarta (11), contra a criminalização dos movimentos sociais e pela anistia dos presos políticos.
Fórum Estadual em Defesa dos Transporte Público.
Nenhum comentário:
Postar um comentário