sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Polícia para quem? Precisa?

Foto: Igor Prado, em 05/01/2012
Li em um portal de notícias declaração do comandante-geral da PM-PI, sobre a agressão covarde de policiais da RONE direcionada aos manifestantes contra o aumento das passagens de ônibus em Teresina: “Esses atos não representam a PM, são ações isoladas”. Em setembro de 2011, durante outras manifestações promovidas contra o aumento das passagens, outros estudantes foram violentamente atingidos por sprays de pimenta e balas de borracha disparadas por Policiais Militares.

A “ação isolada” da PM-PI, ocorrida agora – com prisões arbitrárias e injusta violência contra manifestantes pacíficos – em verdade, é um embrutecimento da medida anteriormente tomada. Representativa ou não da política institucional da Polícia Militar, ela aparece novamente para reprimir justas manifestações populares na luta por seus direitos (por que será?).

Mas os que foram oprimidos por essa prática traiçoeira e desproporcional possuem boa memória. Não nos esquecemos do que aconteceu em setembro do ano passado: preferimos preservar a historicidade dos nossos atos, para mostrar ao restante da sociedade piauiense – SOCIEDADE PIAUIENSE QUE TAMBÉM SOMOS, VALE DIZER – que somos contra o aumento da passagem de ônibus em Teresina há muito tempo.

O que companheiras e companheiros fazem hoje, manifestando pelas ruas da capital do estado, não é um ato isolado. É fruto da luta de um povo cansado de sofrer os abusos da iniciativa privada em parceria espúria com Prefeitura e também com o Governo do Estado (que manda a Polícia Militar atacar, como animais famintos, os manifestantes).

Enquanto isso, parcela da mídia prefere se prestar ao ridículo exercício de contorcionismo – ou distorcionismo – discursivo para dizer que “manifestantes atrapalham o transporte de passageiros”. Como se essa luta não fosse em prol de tod@s nós, que TAMBÉM SOMOS passageiros. Esse mesmo tipo de imprensa silencia diante das mencionadas aberrações cometidas por servidores públicos da Polícia Militar, custeados com NOSSO DINHEIRO, DINHEIRO DO POVO, em nome de pretenso “estrito cumprimento do dever legal”.

Foto: Igor Prado
Essas ações violentas, que machucam não só os que sofrem graves lesões corporais, mas a quem as presencia, ao invés de retraírem, servem de combustível para as manifestações tomarem de vez as ruas. Não somos obrigad@s a aceitar, calad@s e enlatad@s em transporte coletivo ruim, os abusos da iniciativa privada – SETUT e empresas filiadas – que atua em parceria com a Prefeitura e o Governo Estadual (por meio da ação truculenta da PM), para disseminarem as atrocidades do aumento da passagem do transporte coletivo e essa integração feita em computador, sem consultar as reais demandas da população. É por isso que acredito que deva ser dito, quantas vezes forem precisas, em atos não-pontuais: abaixo a repressão, polícia e camburão! E Aumento Não, THE!

P.S.: Sinto muita vontade de estar em Teresina nesse momento. Daqui, mando meu manifesto como forma de contribuir para a reflexão e para as lutas. Avante, companheir@s!

P.S.2: Agora de manhã, li no cidadeverde.com frase do secretário de Segurança do Piauí, Raimundo Leite: "A polícia não está trabalhando contra ninguém, mas a população está pedindo ajuda para voltar pra casa. As pessoas pedem socorro e a ordem deve ser garantida custe o que custar". Já custou, secretário: a integridade física de muitas pessoas. Mas a pretensa “ordem” buscada ainda está longe de ser alcançada. É justo que aceitemos esses abusos como se eles fossem normais? A população, nas ruas, demonstra apoio aos manifestantes, e fica chocada com os abusos dos policiais. Quem está nas ruas – e quem já esteve, como eu, em setembro, sabe que o povo é a favor do movimento. Muitos, infelizmente, não têm a possibilidade de estarem no manifesto, o que não lhes invalida o apoio. 


Jorge André
Bacharel em Direito - UESPI
Estudante de Comunicação - UFPI
Em total apoio ao Fórum Estadual em Defesa do Transporte Público no Piauí

Um comentário:

  1. a pm não toma decisões, a pm cumpre ordens.
    soldado não manda soldado obedece.
    Portanto colega, lembre-se que se ta ruim pra você também tá ruim pra eles. Não é a PM que atua com truculência mas o estado e seus representantes.

    ResponderExcluir