Nota pública de apoio às manifestações contra o aumento das passagens do transporte público coletivo em todo o Brasil
Aproveitando a desmobilização no período de festas e o início de 2012, uma série de prefeituras em todo o país, com discurso de “melhoria na qualidade” dos serviços públicos, reajustou a tarifa do transporte público coletivo municipal e intermunicipal. No primeiro dia do ano houve aumento em São Caetano-SP e Diadema-SP. No domingo (02) passou a valer os novos valores das passagens no Rio de Janeiro-RJ e em Salvador-BA. Na segunda-feira (03) foram reajustadas as tarifas em João Pessoa-PB e Santo André-SP. Na quarta-feira (5), Guarulhos-SP, Joinville-SC e São Paulo-SP, em Belo Horizonte-MG, o reajuste ocorreu no dia 29 de dezembro de 2011. Em Teresina-PI, após a retirada da proposta de aumento diante das manifestações populares no meio do ano, retomou-se, recentemente, a tentativa de aumento. Como se não bastasse, há previsão de reajuste para outros municípios do país.
Sendo o transporte público um serviço essencial para toda a população, os reajustes que em algumas cidades beiram os 20%, contrastam com a precariedade do serviço oferecido pelas empresas de transporte. O discurso de melhoria da qualidade mascara a verdadeira intenção da ampliação dos lucros de setores da iniciativa privada. As conseqüências do aumento atingem principalmente os mais pobres, que dependem exclusivamente deste serviço para estudar, trabalhar e consequentemente sobreviver.
Diante dessas medidas adotadas pelo poder público, comitês e frentes populares com o apoio do movimento estudantil, outros movimentos sociais e partidos de esquerda começam a se organizar e realizar manifestações e atos nos diversos municípios em que o aumento das passagens foi aprovado. A reação do poder público veio em seguida: ao invés de uma abertura para o diálogo e demonstração de respeito frente à evidente revolta da população, a resposta veio através de repressão policial, que é a resposta do Estado para as mobilizações populares.
Apesar de pouco noticiado pelos diversos setores da mídia de massa, em São Paulo e Teresina, por exemplo, diversos militantes saíram feridos após serem reprimidos de forma violenta pela PM. Entendemos estarmos diante de uma inegável contradição, onde o poder público deixa de lado a democracia e responde a população com violência digna dos tempos de ditadura civil-militar, como o que aconteceu com Lucas Brito, estudante de Direito de Teresina, militante extensionista, que foi brutalmente agredido pelo Batalhão de Choque da PM, tendo seu rosto marcado por diversos hematomas, durante manifestação contra o aumento da passagem naquela cidade.
A grande mídia cumpre seu papel na criminalização dos movimentos sociais e das lutas da população, em defesa dos grandes empresários ao transmitir o discurso de “vandalismo” e “bandidagem”, muitas vezes clamando pela “repressão” aos manifestantes, tal qual aconteceu nas ocupações de reitorias e outras manifestações ao longo do ano de 2011. Não foi noticiado o apoio popular às manifestações, nem a truculenta ação policial. O poder público, mais uma vez, utiliza o discurso jurídico da legalidade para justificar a contínua precarização dos serviços públicos em todo país, e o processo de enriquecimento das empresas monopolizadoras da administração do setor.
Estamos em mais um ano de eleições municipais, repetem-se as velhas promessas daqueles que hoje se encontram no poder, entre elas, o aperfeiçoamento do transporte público coletivo visando a melhoria na qualidade de vida do trabalhador brasileiro. A realidade infelizmente é outra. As promessas são deixadas de lado e a única resposta assegurada a população é aquela oriunda do aparelho repressor do Estado contra os próprios cidadãos.
A FENED (Federação Nacional de Estudantes de Direito) entende que as recentes medidas adotadas pelos poderes públicos municipais, além de deslegítimas, representam uma verdadeira violência contra o trabalhador e toda a população do país dependente deste serviço. Manifestamos apoio às mobilizações que ocorrem em todo país, uma vez que é legitimo a população mostrar sua indignação através de protestos e da resistência popular em reação a constante repressão estatal.
FENED nas ruas, juventude na luta!
Janeiro de 2012.
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